NOTÍCIAS
08 DE DEZEMBRO DE 2023
Superlotação prisional: Judiciário brasileiro apresenta iniciativas em evento nas Filipinas
Representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário de diversos países se reuniram em Manila, nas Filipinas, na I Conferência Nacional de Descongestionamento Prisional, promovida pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) e pela Suprema Corte das Filipinas, para debater sobre a superlotação do sistema penitenciário. A experiência da Justiça brasileira na temática foi compartilhada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O juiz auxiliar da Presidência do CNJ Gabriel Matos representou o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, na programação. De acordo com os dados apresentados, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, com 649.592 pessoas encarceradas, das quais 5% são mulheres e 30% do total estão em prisão preventiva.
A superlotação prisional tem causado vários problemas, como a violação dos direitos humanos dentro das prisões, a coexistência de pessoas condenadas por crimes graves com outras de menor periculosidade e o convívio de presos provisórios com os demais detentos. Além disso, esses ambientes acabam fomentando a formação de organizações como facções, gangues e organizações criminosas, que atuam até mesmo fora dos presídios.
O magistrado abordou o impacto das políticas antidrogas e de tratamentos para usuários de drogas e a aplicação das penas alternativas nesses casos. Segundo ele, abordar a relação entre consumo e tráfico de drogas e superpopulação carcerária já reduziria o número de pessoas encarceradas no país, já que cerca de 30% de todos os prisioneiros estão detidos por envolvimento com drogas.
No âmbito do Judiciário, têm sido adotadas medidas administrativas pelo CNJ e judiciais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para melhorar as condições do sistema prisional brasileiro. Entre as iniciativas estão a implementação das audiências de custódia e o desenvolvimento, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Programa Fazendo Justiça. O trabalho realizado pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ) está em linha com recentes julgados do STF, como a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347, que reconheceu a violação massiva de direitos fundamentais no sistema prisional brasileiro.
Mesmo com esses esforços, Gabriel Matos reforçou que as soluções requerem um Estado melhor preparado do que o crime organizado. “Isso requer um esforço conjunto entre os Três Poderes, a sociedade, as universidades, as organizações nacionais e internacionais e o setor privado para encontrar soluções inteligentes e criativas para atacar o problema”.
Matos também relatou sobre a implantação do processo eletrônico judicial no Brasil, que permitiu maior acesso à Justiça. De acordo com ele, há cerca de 80 milhões de casos tramitando atualmente em formato digital na Justiça brasileira. “Qualquer mudança exige que, primeiro, reconheçamos o problema. E é isso que estamos fazendo no Judiciário brasileiro, por meio de inspeções prisionais e capacitação das áreas administrativas responsáveis por alimentar os sistemas informatizados de monitoramento de prisões”, disse.
A virtualização da Justiça também foi destacada pelo presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Junior, como sendo uma diretriz eficaz para o descongestionamento das prisões no país. “Ao adotar a tecnologia e práticas inovadoras, podemos aumentar nossa eficiência, reduzir atrasos e garantir processos judiciais rápidos e justos”, disse o presidente filipino, em discurso proferido por seu secretário-executivo, Lucas Bersamin.
Conferência
Com o tema “Descongestionar e integrar: Uma conferência para destravar soluções para a superlotação prisional”, a Conferência Nacional das Filipinas aborda o problema do país que tem 70% das prisões superlotadas, com uma taxa média de congestionamento de 386%.
Organizado pelo Sistema de Justiça filipino, o evento reuniu nos dias 6 e 7 de dezembro vários governos, agências e outras partes interessadas em enfrentar os desafios no sistema penal e aliviar o problema crescente de congestionamento nas prisões em todo o país, por meio de uma abordagem de todos os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. A Cúpula contou com quatro sessões plenárias, workshops paralelos, boas práticas de outros países e testemunhos de pessoas privadas de liberdade.
Texto: Lenir Camimura
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Superlotação prisional: Judiciário brasileiro apresenta iniciativas em evento nas Filipinas appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
17 DE NOVEMBRO DE 2023
Juiz que acusou Lula de relativizar furto de celular terá conduta investigada pelo CNJ
O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por unanimidade, instaurar procedimento administrativo...
Portal CNJ
17 DE NOVEMBRO DE 2023
Política aprovada pelo CNJ propõe soluções adequadas às demandas da saúde
Informações extraídas da Base Nacional de Dados do Poder Judiciário (DataJud) apontam que, nos últimos três...
Anoreg RS
17 DE NOVEMBRO DE 2023
18 de novembro – Dia Nacional do Notário e do Registrador
Que este dia possa inspirar a sociedade a refletir sobre a importância dos serviços prestados pelos cartórios,...
Anoreg RS
17 DE NOVEMBRO DE 2023
Segunda Seção do STJ inicia análise de prescrição da indenização por vícios de construção em imóveis financiados pelo SFH
A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) iniciou, na última quarta-feira (8), o julgamento do Tema...
Anoreg RS
17 DE NOVEMBRO DE 2023
Dia Nacional do Notário e do Registrador: IBDFAM passa a contar com comissões especializadas
O Brasil celebra o Dia Nacional do Notário e Registrador, data instituída pela Lei 11.630/2007, que celebra o...