NOTÍCIAS
27 DE OUTUBRO DE 2023
CNJ acompanha supervisão da Corte IDH a decisões nos casos Herzog e Favela Nova Brasília
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) participou na quinta e sexta-feira (26 e 27/10) das audiências de supervisão de cumprimento, pelo Brasil, de sentenças da Corte Interamericana dos Direitos Humanos (Corte IDH) nos casos Herzog e Favela Nova Brasília. As medidas adotadas pelo Poder Público brasileiro para cumprir as determinações são monitoradas pelo CNJ por meio da Unidade de Monitoramento e Fiscalização das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos (UMF). As audiências ocorreram de forma privada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e foram convocadas pela Presidência da Corte IDH.
A participação do CNJ se dá como “fonte independente e autônoma de informação”. Além dos juízes auxiliares da Presidência do CNJ, participaram das audiências representantes do Estado brasileiro, as vítimas dos dois casos e seus representantes. Na quinta-feira (26/10), a audiência tratou sobre o processo Favela Nova Brasília, que condenou o Brasil por violações aos direitos humanos verificadas em operações policiais ocorridas na comunidade do Rio de Janeiro, entre 1994 e 1995. Na chacina, foram assassinadas 26 pessoas e praticada violência sexual contra três mulheres.
Representando o CNJ na audiência, o coordenador da UMF/CNJ e juiz auxiliar da Presidência Luís Geraldo Lanfredi, reforçou a estreita colaboração com a Corte Interamericana e apresentou medidas que já foram encaminhadas em relação ao caso, como a oferta de tratamento psicológico e psiquiátrico às vítimas de violência sexual. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) foi o primeiro tribunal a instituir um centro de apoio a vítimas, atendendo à determinação do CNJ disposta na Resolução n. 386/2021. “Infelizmente, a necessidade de inclusão das vítimas em Programa de Proteção impediu a continuidade do tratamento”, informou Lanfredi.
Outra ação apresentada diz respeito ao Grupo de Trabalho Segurança Cidadã – Redução da Letalidade Policial, criado no final de 2022 pelo CNJ. O colegiado avaliou o plano de redução de letalidade proposto pelo estado do Rio de Janeiro e indicou necessidade de adequação do plano para abarcar critérios para a instalação de câmeras corporais em atenção específica à proteção da vida de afrodescendentes, pessoas pobres e residentes em favelas e periferias. Também foi indicada a importância da implementação de um plano de atenção a vítimas após operações, de desvincular os órgãos de perícia técnica da estrutura da Polícia Civil e de excepcionar a realização de operações policiais no perímetro de escolas, creches e hospitais e de uniformizar a terminologia “Morte por Intervenção de Agente de Estado”.
Caso Herzog
Na audiência da manhã desta sexta-feira (27/10), o processo analisado foi o do caso do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado em 1975, no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em São Paulo.
Entre as medidas de reparação determinadas pela Corte está o reinício, com a devida diligência, da investigação e do processamento penal cabível pelos fatos ocorridos em 25 de outubro de 1975, em atenção ao caráter de crime contra a humanidade. Outro ponto que o Estado brasileiro deve cumprir é o de adotar medidas idôneas, conforme suas instituições, para que se reconheça, sem exceção, a imprescritibilidade das ações emergentes de crimes contra a humanidade e internacionais.
Representando o CNJ, o juiz auxiliar Gabriel Matos expôs medidas tomadas pelo Conselho para difundir a causa dos direitos humanos no Poder Judiciário, como a edição de publicações, o oferecimento de cursos e treinamentos, a aprovação de resolução para inclusão do tema em concursos da magistratura e recomendação para a observância, pelos juízes em suas decisões, das convenções e tratados internacionais subscritos pelo Brasil.
O magistrado também esclareceu sobre a tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional sobre a imprescritibilidade das ações emergentes de crimes contra a humanidade e internacionais, com possibilidade de o CNJ encaminhar nota técnica ao Parlamento à luz dos tratados e convenções internacionais.
Ainda em relação ao cumprimento da sentença relativa ao caso Herzog, a decisão da Corte IDH prevê a realização de um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional pelos fatos do caso, em desagravo à memória de Vladimir Herzog e à falta de investigação, julgamento e punição dos responsáveis por sua tortura e morte. Também é requerido que a sentença seja publicada na totalidade no Diário Oficial e no site oficial do Exército brasileiro, responsável pelo (DOI-CODI) a época da morte de Herzog, além de um resumo oficial do texto destacado em um jornal de ampla circulação nacional.
Representantes de ministérios e da Advocacia-Geral da União (AGU) também estavam presentes e informaram sobre o cumprimento de outras determinações da sentença do caso Herzog. O filho do jornalista assassinado esteve na reunião e manifestou-se pela necessidade do cumprimento de todas as medidas.
A realização das audiências ficou à cargo do presidente da Corte IDH, juiz Ricardo Pérez Manrique, e do vice-presidente, juiz Eduardo Ferrer Mac-Gregor Poisot. Também integram a delegação da Corte o secretário do tribunal internacional Pablo Saavedra Alessandri, a diretora Gabriela Pacheco e a advogada de Supervisão de Cumprimento de Sentenças da Secretaria do da Corte IDH Agostina Cichero.
Texto: Regina Bandeira
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post CNJ acompanha supervisão da Corte IDH a decisões nos casos Herzog e Favela Nova Brasília appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Plenário aprova ampliação da participação feminina em cargos diretivos da Justiça
O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, por unanimidade, modificação no texto da Política...
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
CNJ amplia prazo de validade do Exame Nacional da Magistratura
Por unanimidade, o Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ampliou de dois para até quatro anos o prazo de...
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Em Mato Grosso do Sul, acordos de precatórios movimentam mais de R$ 2,6 mi
Entre os dias 4 e 7 de dezembro, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) realizou a terceira edição de...
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Nova comissão do TJRS deverá reavaliar autoidentificação de candidato cotista
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, durante a 19ª Sessão Ordinária de 2023, pela procedência da...
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
CNJ disciplina atuação das comissões de heteroidentificação em concursos para magistratura
O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (12/12), por maioria, princípios e...